quarta-feira, 4 de junho de 2008

Exposição Aracy de Almeida – 1914/1988: A Realidade do Samba

Nesta segunda, 02 de Junho, nós do CPC, em parceria com a Prefeitura Municipal de Niterói, através da Secretaria Municipal de Cultura, realizamos a abertura da exposição “Aracy de Almeida – 1914/1988: A Realidade do Samba”, lembrando os 20 anos de morte da Dama da Central.

Com acervos recolhidos junto ao Jornal Tribuna da Imprensa, Associação Brasileira de Imprensa e pessoais (Família de Grande Otelo e Maria Pompeu, por exemplo), serão apresentadas fotos de diversos momentos da carreira de Araca, capas de álbuns e discos, frases de Aracy.

Foi lançado também um libreto, com distribuição gratuita, composto por trechos de entrevistas da cantora, nos quais ela fala de assuntos variados (Noel, Ary Barroso, Rio Antigo, rádio x TV, etc.), depoimentos originais de Cristina Buarque, Olívia Byngton, Ana de Hollanda, Eliane Faria e recolhidos de Maria Bethânia, Caetano Veloso, entre outros.

Na abertura, os cantores Gil Miranda e Agenor de Oliveira apresentaram um pocket-show com o repertório da cantora, nos jardins do Teatro Municipal de Niterói, onde a exposição ficará baseada.

Seguem algumas fotos:




Exposição Aracy de Almeida1914/1988: A Realidade do Samba
Sala Carlos Couto – anexo ao Teatro Municipal de Niterói
Rua XV de Novembro, 35 – Centro/Niterói (em frente ao Plaza Shopping e próximo as Barcas)
Abertura: 02/06 – 19h – Visitação de 03 de junho a 31 de julho de 2008. De terça a sexta-feira, das 10 às 18h; sábados, domingos e feriados, das 15 às 18h – Entrada Franca.

Vá ao Teatro

Por Paulo Cesar Nunes dos Santos

Na semana passada foi reinaugurado, com todas as pompas merecidas, o Teatro Casa Grande, que agora recebe o patrocínio da OI. Importante palco de espetáculos que marcaram época na história do teatro no Rio e no Brasil, além de espaço reconhecido de resistência política e cultural durante a ditadura militar, chamou-me a atenção o valor dos ingressos do musical que ficará em cartaz nos primeiros meses de vida do reconstruído teatro, e que deve ser o preço médio dos espetáculos futuros: de R$ 60 a R$ 180!!! Preços de São Paulo (com um volume muito maior de consumidores de cultura com poder aquisitivo compatível com os preços aparentemente exorbitantes lá cobrados) para o público carioca. Tomara, sinceramente, que haja platéia para as 5 sessões semanais previstas.

Tomando como gancho esse fato relevante, gostaria de dizer que, como amante do bom teatro, ainda consigo assistir a espetáculos de qualidade indiscutível por preços razoáveis. Todos nós já ouvimos, ou dissemos, pelo menos uma vez na vida, que teatro é muito caro, por isso vamos tão pouco a eles. Balela de quem se esconde nesse argumento para não assumir que não gosta dessa modalidade artística, ou mesmo que tem preguiça de se mobilizar para esse tipo de programa.

O Rio dispõe de uma rede satisfatória de espaços com excelente infraestrutura, que exibem peças de gêneros variados, cujos ingressos podem ser comprados a partir de R$ 10. Os centros culturais do Banco do Brasil, Correios, Justiça Federal, Caixa Econômica Federa, além do OI Futuro, da rede SESC e SESI e dos teatros João Caetano (estadual) e Carlos Gomes (municipal), quando em temporada popular, oferecem agenda continuada de boas peças, inclusive musicais, sempre a preços acessíveis aos mortais trabalhadores assalariados. Além disso, diversos espetáculos, devido ao patrocínio que recebem, oferecem temporadas populares no teatrão da UERJ (Odylo Costa Filho) e no Teatro Municipal de Niterói.

Agora mesmo está em cartaz, até o dia 1º de junho, no Teatro de Arena da Caixa, na Almte. Barroso, a imperdível peça Zona de Guerra, produção paulista dirigida por André Garolli, ganhadora do Prêmio PPCA 2006 de melhor espetáculo e indicada ao Prêmio Shell na categoria especial de preparação de atores. Por apenas R$ 10, com direito a meia entrada para estudantes e maiores de 60 anos.

Considerando-se que R$ 10 pagam ingressos de cinema apenas no Centro da Cidade, pois nos cinemas de rua da Zona Sul e nos shoppings de qualquer bairro eles custam quase o dobro desse valor, assistir a espetáculos teatrais com grandes elencos, inclusive com orquestras no palco, por esse preço é um privilégio que não deve ser desprezado. Todos esses espaços recebem subsídios públicos, de formas variadas. Isso justifica os preços que cobram pela maioria dos espetáculos que apresentam. Não se trata de favor ou benesse voluntária, mas de contrapartida contratual.

Nós, como contribuintes, só podemos ficar satisfeitos que nosso dinheiro seja canalizado para obras às quais podemos assistir sem maiores sobressaltos financeiros.

Portanto, levante-se dessa cadeira, leia a programação da semana, escolha sua peça preferida e divirta-se. Vá ao teatro, e pode me convidar.

Os incompreendidos

Por Fernando Assumpção

Um amigo pelo telefone: “Como é caro consumir cultura no Brasil!”. Ele falava de um único filme (na justificativa dele) em DVD, de François Truffaut. De imediato concordo; porém, percebo que existe hoje um relaxamento com o consumo em cultura. Frouxidão, mesmo. As pessoas não se importam, ou não percebem que consumir qualquer outra coisa é tão caro quanto consumir cultura. Não percebem que os bens culturais trazem tantos benefícios quanto outros bens de consumo. Porém, com as funções de satisfação e prazer, funcionam como alimento à sensibilidade e à subjetividade.

O Cinema é dito como caro? Um chope com os amigos é o mesmo preço. O valor de um CD não é um absurdo se compararmos com um jantar naqueles antigos “Galetos” do centro da cidade ou dos bairros decadentes da zona sul.

E por aí se percebe que a cultura está ficando de lado. Uma espécie de preferência ou descaso de consumo. Como se o fato de uma cópia pirata substituísse todo o impacto que um CD ou um DVD proporciona. A não ida a um cinema ou a um espetáculo teatral anula a emoção de estar lá. Faz parte da construção da subjetividade dos indivíduos circularem pelos espaços culturais e se sentirem pertencentes a eles. Como parte, mesmo; aproveitando todo prazer que não é substituído por nenhuma outra saída.

A ida ao Maracanã, talvez, seja somente substituída pela ida ao sambódromo. Não se compara, é claro! Mas a emoção de quando a bateria de uma escola passa é tal qual quando se faz um gol. As energias das pessoas transbordam de seus corpos e irradiam um todo. Da repartição, da convivência, do momento único que um espetáculo presta.

Os preços dos bens culturais oferecidos, por diversas vezes são caros e, em muitas delas, abusivos. Até que ponto é falta de grana ou falta de vontade?

A cultura como a música dos titãs vociferando: desejo, necessidade e vontade.

E nessa mesma onda do rádio de pilha, entre as Americanas e a Modern Sound, mais uma loja de CD/DVD se despede no centro do Rio. Uma loja mediana, pendulando entre os preços acessíveis das Americanas e o acesso a produtos de qualidade como na famosa loja em Copacabana. É substituída por um restaurante de aperitivos japoneses, na rua São José.

Voltemos-nos ao plágio: Eu não quero só comida, quero diversão e arte.