sábado, 16 de maio de 2009

Teresa Fazolo escreve sobre o Espaço Cultural Aracy de Almeida

Pouco a pouco o Espaço Cultural Aracy de Almeida vai conquistando seu lugar no cenário cultural do subúrbio carioca. Moradores do Encantado e de bairros próximos passaram a freqüentar o Espaço, acompanham a programação e comemoram ter uma opção cultural, com eventos de qualidade, para crianças e adultos.
Malvina Augusta Bispo dos Santos e sua irmã Marilza Bispo dos Santos Broedel , moradoras do Cachambi e Méier, tomaram conhecimento das atividades artísticas no local, pelo cartaz afixado no portão de entrada, próximo à casa de sua mãe, Antonia de Jesus Bispo. Dona Antonia, salgueirense que desfilava no GRES Arranco do Engenho de Dentro e não perdia as atrações do Espaço Cultural, adoeceu e, no dia 1º de maio, com 84 anos, partiu do Encantado. As filhas, após um período de afastamento por conta da doença da mãe, permanecem fiéis ao Espaço Cultural onde também matam um pouquinho a saudade de d.Antonia.
O casal Alice Penello e Laert da Silva, que mora no Encantado, também freqüenta o Espaço Cultural Aracy de Almeida desde o início de suas atividades. Eles lamentam a falta de espaços de lazer e cultura na região. Acostumados a freqüentar o teatro da Universidade Gama Filho, ficaram sem opção, com o fechamento do teatro. Laert diz que, no Espaço, já assistiu a excelentes espetáculos, que nada ficam a dever a outros teatros..

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Diana Aragão escreve sobre novo CD de Telma Tavares


A cantora e compositora Telma Tavares já se encontra em estúdio preparando o seu segundo CD. E, a julgar por algumas audições das novas músicas como “Beco sem saída”, na parceria com Roque Ferreira e “Juriti, flor e café”, com o também parceiro de fé Tainã Uarani, é disco do bom. O CD "Veia Mestiça" sairá dentro de uns dois meses e trará participações de Alcione, Leci Brandão e do parceiro Roque Ferreira (um dos grandes mestres do samba de roda da Bahia). O primeiro CD de Telma contou com as participações de Chico Buarque, Hermeto Pascoal, Carlos Malta, Maurício Einhorn e de alguns índios da tribo Carajás, da Ilha do Bananal. Telma também é compositora gravada pela cantora Alcione como no CD "A paixão tem memória" com a música "Porto d`alma", de Telma com Tainã Uarani, no cd/dvd "Faz uma loucura por mim", a canção "A sangue frio", dela com Roque Ferreira; do cd/dvd "Uma nova paixão" - "Corpo fechado", em parceria com Roque Ferreira; no cd/dvd "De tudo que eu gosto" - "Agarradinho", também da dupla. Estas duas últimas também estarão no disco de Telma. Vale registrar que a música "Acesa", da nova safra de Telma com Roque dará título ao novo CD de Alcione.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Diana Aragão escreve sobre o centenário de Ataulfo Alves

Os 100 anos de Ataulfo Alves

Diana Aragão

O compositor e cantor Ataulfo Alves de Sousa nasceu em Miraí, Minas Gerais no dia 02 de maio de 1909 e morreu no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1969 deixando extensa obra na música popular brasileira. De família numerosa, sete irmãos, era filho do violeiro e repentista Capitão Severino, e, com sua morte, cedo começou a trabalhar para ajudar no sustento da família. Trabalhou como leiteiro, agricultor, marceneiro, engraxate e ainda arrumava tempo para estudar. No ano em que completaria 100 anos o mestre será lembrado em shows e na biografia “Ataulfo Alves, vida e obra”, do bamba Sergio Cabral prevista para este mês.
Aos 18 anos veio para o Rio de Janeiro em companhia do médico Afrânio Moreira Resende atuando como seu auxiliar, tipo faz-tudo, em seu consultório. Passando em seguida a trabalhar na Farmácia e Drogaria do Povo onde acabou como prático. Nessa época, ele morava no Rio Comprido onde organizava e atuava nas festas do bairro pois sabia tocar violão, cavaquinho e bandolim. Data também dessa época o seu casamento com Judite.
Além do casamento, Ataulfo Alves também passou a compor e tornou-se diretor de harmonia do Bloco Carnavalesco Fale Quem Quiser, do próprio bairro. O ano de 1929 também trouxe sua primeira filha, Adélia. Em 1933, o compositor Alcebíades Barcelos, o Bide, da dupla Bide e Marçal, compositores do sucesso “Agora é cinza”, escutou as músicas do jovem compositor e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans, o todo poderoso diretor da gravadora RCA Victor, a maior da época.
Em convivência com outros compositores - era a época dos bambas do Estácio, da Praça Onze - Ataulfo Alves conseguiu que Henrique Foreis, o Almirante do Rádio, gravasse o samba “Sexta-feira”. Foi ainda nesse mesmo ano que a cantora Carmen Miranda gravou seu samba “Tempo perdido” infelizmente sem repercussão.
Sucesso que chegaria em 1935 quando já era conhecido no meio artístico com a gravação da música “Saudade do meu barracão” gravado por Floriano Belham. Mesmo ano da gravação da marcha “Menina que pinta o sete” feita em parceria com Roberto Martins, gravada pelo Bando da Lua que acompanhava Carmen Miranda. Era o sucesso chegando em definitivo.
O ano de 1936 trouxe a comprovação desse sucesso com as gravações de “Saudade dela” na voz de Silvio Caldas, da valsa “A você’, na parceria com Aldo Cabral e do samba “Quanta tristeza” feito em parceria com André Filho. Essas duas últimas foram gravadas por outro grande cantor da época, Carlos Galhardo, que se transfomaria em um dos grandes intérpretes das músicas de Ataulfo Alves nos anos seguintes.
O ano de 1937 registra ainda as parcerias com os grandes da época como Bide, Claudionor Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista. Com esse último compositor, Ataulfo Alves ganhou os concursos carnavalescos dos anos de 1940-41 com os sucesos “Oh! Seu Oscar” e “O bonde de São Januário”. Antes, em 1938, Orlando Silva, gravou “Errei, erramos. E o ano de 1941, além do sucesso de carnaval, traz seu primeiro registro como cantor nas interpretações de “Leva meu samba” e “Alegria na casa de pobre”, na parceria com Abel Neto.
O ano de 1942 traz o compositor como intérprete de um dos seus maiores sucesos: o clássico “Ai que saudades da Amélia”, na parceria com Mário Lago. Ataulfo Alves gravou junto com o grupo Academia do Samba e abertura de Jacó do Bandolim na música eterna até hoje. A parceria com Mário Lago rendeu ainda outro sucesso: “Atire a primeira pedra”, além de “Capacho” e “Pra que mais felicidade”.
A partir do sucesso de “Ai, que saudades da Amélia”, Ataulfo Alves resolveu atuar como intérprete de suas próprias músicas criando, por sugestão do compositor Pedro Caetano, o grupo Ataulfo Alves e suas Pastoras, com grande sucesso. O primeiro grupo era formado pelas cantoras Olga, Marilu e Alda para as interpretações de sucessos como “Inimigo do samba”, em parceria com Jorge de Castro.
“Todo mundo enloqueceu”, em parceria com Jorge de Castro, “Boêmio sofre mais”, com Floriano Belham e “Vá baixar noutro terreiro”, com Raul Marques marcaram os anos 40, assim como “Infidelidade”, em parceria com Américo Seixas, de 1947. Sucessos também foram os clássicos “Errei sim” e “Fim de comédia” gravados por Dalva de Oliveira em 1950.
A década de 50 encontra o artista participando do show O Samba nasce no Coração realizado na boate Casablanca, o “must”dessa época. Em 1955, já tendo saído da RCA Victor, Ataulfo Alves gravou “Pois é…”na gravadora Sinter, lançando também, em 1956, o LP Ataulfo Alves e suas Pastoras. E no ano de 1958 fez outro sucesso com o samba “Vai, mas vai mesmo” e “Meus tempos de criança” relembrando a sua infância em Miraí.
A década de 60, o ano de 1961 mais precisamente, encontra Ataulfo Alves na Europa divulgando a nossa música. Explica-se: ele aceitou convite do compositor Humberto Teixeira para integrar um grupo de divulgação da MPB onde ele apresentou as novíssimas “Mulata assanhada” e “Na cadência do samba”, com Paulo Gestal. Grandes sucessos na voz de Elisete Cardoso até os dias de hoje.
O “Embaixador do Samba” viajou ainda por Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Holanda e Suécia sempre irradiando simpatia e elegância também no trajar, outra de suas marcas. Esse mesmo ano traz mudanças fundamentais em sua vida como a de fundar sua própria editora e a de se apresentar sem as pastoras Nadir, Antonina, Geralda e Gerladina. Foi por essa mesma época que, atormentado por uma úlcera do duodeno, passou o título de “General do Samba” para seu filho Ataulfo Alves Júnior, seguindo carreira solo até os dias de hoje.
Na década de 60 sua saúde começou a piorar e Ataulfo Alves morreu depois de uma cirurgia. Mas sempre trabalhando com o último parceiro, Carlos Imperial com quem compôs “Você passa e eu acho graça”, “Você não é como as flores” e “Mandinga”, gravada por Clara Nunes. Seu filho Ataulfo Alves Junior, o Ataulfinho, preserva a memória do seu pai compondo e também cantando as músicas de um dos grandes mestres da nossa música.