domingo, 12 de junho de 2011

Boletim CPC - Ano VI – nº. 88 – 13/06/2011

Nota: no último sábado, 11 de junho, o CPC completou dez anos de fundação, além da exposição em Niterói sobre Araca, em breve divulgaremos a data da comemoração oficial. Parabéns para todos que participaram deste processo.

Nesta edição: Políticas Culturais: Seminário no Rio discute a arte nas ruas * Ministério da Cultura/MinC comanda ações na Região Serrana * ALERJ discute os Sistemas de Cultura * Plano Nacional de Cultura – metas em debate * Cultura na pauta da Câmara dos Deputados * Editais: Sala Funarte Sidney Miller/RJ * Opinião: Flavio Aniceto escreve sobre o samba, sua política e seus discursos na Revista Rapa Dura * Diana Aragão: escreve sobre o livro de Lucinha Araújo sobre o seu filho Cazuza * Notas e agenda: Exposição sobre Aracy segue em Niterói * Seminário do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-cultural do Estado do Rio de Janeiro *
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Políticas culturais:
No Rio de Janeiro:

1 – Seminário discute artes cênicas nas ruas
O Projeto Boa Praça ( http://www.boapraca.art.br/), cuja missão é fomentar as atividades artísticas de rua através da promoção e ocupação de espaços públicos, praças, jardins e logradouros com atividades culturais, está realizando neste mês um seminário para discutir políticas culturais para a sua área de atuação.
Serão duas mesas:
Arquitetura da Cidade - Espaços públicos para fruição artística e Ordem Pública e livre acesso da cultura: 13 de junho, 19h
Esta mesa objetiva discutir quais as condições ideais para a fruição cultural em espaços públicos, de modo a publicar um roteiro de praças ideais para a sua realização na cidade do Rio e apresentar quais os resultados que a ordem pública causou enquanto organização da cidade e ao mesmo tempo apresentar os passos para que os grupos possam se apresentar. É também uma oportunidade para tirar dúvidas e ao mesmo tempo, colocar em questão o que a Constituição Brasileira propõe e colocar um debate, afim de que possa se encontrar uma maior flexibilização para a prática artística em locais públicos. Comporão a mesa Marcos Teixeira Campos, coordenador de Circo do Centro de Artes Cênicas da Funarte e Flavio Aniceto, produtor cultural e cientista social.
Economias criativas no espaço público e Linguagem artística de rua - Exemplos e experimentações: 27 de junho, 19h
Esta mesa discutirá a definição de Economia Criativa, sua relação com as artes cênicas e apresentar o Boa Praça, como um projeto auto-sustentável nesta área, que se faz nos espaços públicos e, além disso, discutir qual a linguagem e a estética da rua, contando um pouco das experimentações e o trabalho dos grupos. Comporão a mesa Jussara Trindade, pesquisadora do Teatro de Rua e professora da Uni Rio e Marcos Silveira, ator e diretor do grupo Manjericão / RS.
As duas mesas acontecerão na sala do NEPA - Núcleo de Estudos das Performances Afro-ameríndias , da UNI RIO - Av. Pasteur, 296 , Urca
(entre os prédios de Teatro e Música).

2 - Ministério da Cultura/MinC comanda ações na Região Serrana:

Aconteceu na última sexta-feira, em Nova Friburgo reunião convocada pela Representação Regional MinC RJ/ES, com gestores municipais e ativistas culturais da região.

A grande novidade foi a convocatória que a Casa da Moeda do Brasil e o próprio MinC estão fazendo para instituições culturais a apresentarem projetos para serem realizados na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.

O objetivo é a seleção de projetos que venham estimular a recuperação de ações culturais, com o fortalecimento das redes culturais existentes nos municípios da região , especialmente aqueles afetados pelas catástrofes das chuvas de janeiro de 2011, destinando-se portanto, às instituições culturais sediadas nos municípios que foram declarados em Estado de Calamidade Pública, a saber: Areal; Bom Jardim; Nova Friburgo; Petrópolis; São José do Vale do Rio Preto; Sumidouro; e Teresópolis.

Em breve divulgaremos mais informações a respeito desta ações.

3 - Audiência Pública sobre Sistemas de Cultura:

A Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro – ALERJ, presidida pelo deputado estadual Robson Leite PT/RJ, está promovendo uma Audiência Pública sobre os Sistemas Nacional, Estadual e Municipais de Cultura, no dia 20 de junho, às 15h, no Plenário da ALERJ.

Já estão confirmadas as presenças da Secretária de Estado da Cultura Adriana Rattes, do Chefe da Representação Regional MinC RJ/ES André Diniz, do Secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, João Roberto Peixe e de muitos secretários municipais de cultura de todo o Estado do Rio.

Todos lá, rumo a implementação de políticas de Estado para a Cultura.
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Em Brasília:

1 - O Conselho Nacional de Política Cultural - CNPC aprovou a metodologia para a construção de metas do Plano Nacional de Cultura – PNC:
O CNPC discutiu o assunto em sua 14ª Reunião Ordinária, ocorrida na semana passada, em sessão aberta pelo secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura (SAI/MinC), João Roberto Peixe, que também é o secretário-geral do Conselho.
O CNPC é um órgão colegiado que faz parte da estrutura básica do MinC, composto por 58 titulares, e que entre suas atribuições estão o acompanhamento e a fiscalização da execução do PNC, instituído pela Lei nº 12.343/2010. O Plano estabelece os princípios e os objetivos para a área cultural para os próximos dez anos.
A metodologia a ser usada na construção das metas do PNC define quatro etapas de execução das tarefas, as quais tiveram início em dia 9 de junho. Essa primeira etapa vai até o dia 24 do mesmo mês e abrange a produção de agregados de ações com base em indicadores existentes, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e os Planos Pluri Anuais, por exemplo, além de vários outros. A conclusão de todo o processo vai acontecer no mês de novembro, momento em que haverá a validação final das metas do PNC. São 275 as ações a serem trabalhadas.
As quatro etapas do trabalho para a construção das metas do PNC envolvem reuniões bilaterais com secretarias e vinculadas do Sistema MinC (27 de junho a 29 de julho), período em que será gerada a primeira versão das metas; Oficina do GT MinC (9 e 10 de agosto); consulta via plataforma digital (15 de agosto a 15 de setembro); oficina de definição das metas (29 e 30 de setembro), com a participação de representantes do MinC e do CNPC, tanto do plenário como dos colegiados e grupos de trabalho. .............................................................................................................................................
2 - O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia- PT/RS, afirmou ontem que o Vale-Cultura (PL 5798/09) deverá ser votado pelo Plenário da Casa antes do recesso de julho:
A promessa do chefe do Legislativo Federal foi feita à ministra de Cultura, Ana de Hollanda, em reunião na semana passada para tratar do andamento dos projetos relacionados à Cultura .
O deputado prometeu a instalação de uma Comissão Especial para tratar do tema cultura como direito social na Constituição Federal (PEC 49/07). O Sistema Nacional de Cultura (PEC 416/05) e a destinação de recursos à Cultura dentro da PEC 150/03, também foram destacados como temas prioritários pela ministra da Cultura durante o encontro com o presidente da Câmara dos Deputados.
O que está na agenda:
PEC 150/03 – De autoria do deputado Inaldo Leitão (PSDB/PB), destina a aplicação anual, de, no mínimo, 6% (seis por cento) da receita de impostos em favor da produção, preservação, manutenção e o conhecimento de bens e valores culturais.
PEC 416/06 - Cria o Sistema Nacional de Cultura. De acordo com a PEC, o sistema será formado pelo Ministério da Cultura, pelo Conselho Nacional de Cultura; pelos sistemas de cultura de estados e municípios; e por instituições públicas e privadas ligadas à promoção de atividades culturais.
PL – 5798/09- Cria o Vale-Cultura para trabalhadores com salários de até cinco mínimos. O vale mensal de R$ 50 será distribuído pelas empresas que aderirem ao Programa Cultura do Trabalhador e poderá ser usado na compra de serviços ou produtos culturais, como livros e ingressos para cinemas, teatros e museus. ...........................................................................................................................................
Editais:
Sala Funarte Sidney Miller/RJ
Até o dia 18 de julho, pessoas jurídicas de todo o país podem participar do processo seletivo para ocupação da sala voltada para a área de música. A programação, deverá ocorrer entre setembro e dezembro de 2011, tendo, no mínimo, 26 espetáculos musicais, sendo 50% deles de música popular cantada e 50% de música instrumental popular e/ou clássica. Os projetos inscritos são analisados por uma comissão formada por profissionais de reconhecida experiência na área musical. O projeto vencedor recebe o aporte financeiro de R$ 400 mil.
Mais informações: http://www.funarte.gov.br/edital/ocupacao-da-sala-funarte-sidney-miller2011/ ou Centro da Música (21) 2240 5151/ (21) 2279 8109
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Opinião:
O Samba na “realidade” e o samba, na atualidade
Por Flavio Aniceto
Para “falar” sobre o samba, precisei pedir benção a Noel Rosa, centenário “inventor” de uma ideia moderna de música popular brasileira, ele só não sabia disto em vida, pois os dois conceitos foram criados depois (o de Noel inventor e a sigla MPB). Mas, leitor/es não precisa/m parar a leitura aqui, sabemos que todo mundo já escreveu sobre Noel no último ano em função da efeméride do compositor de “Com que roupa?”, “Meu barracão”, “Cor de Cinza”, “O século do progresso” para citar uma pra lá de conhecida e três menos óbvias.
Ler o texto na íntegra em: http://www.revistarapadura.com/2011/06/o-samba-na-realidade-e-o-samba-na.html
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Diana Aragão:
Depois do lançamento no Rio de Janeiro, Lucinha Araújo lançou em São Paulo o livro “Viva Cazuza” 21 anos depois de sua precoce morte, vitima da AIDS.

Cazuza morreu em julho de 1990. Três meses depois, amigos montaram um tributo no Rio chamado Viva Cazuza – faça parte desse show, cuja renda seria doada ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, referência em AIDS naquela época. Quando Lucinha Araújo foi entregar o cheque, percebeu que sua atuação contra a doença não havia se encerrado com a morte do filho – ela que queria apenas “lamber as feridas” depois de passar pelo ritual simbólico. Em O tempo não para – Viva Cazuza, Lucinha conta como tomou a frente da ONG que dá suporte a crianças e adolescentes portadores do HIV e qual era seu sentimento logo que a doença se tornou epidemia. “Eu me sentia como se estivesse participando de uma cruzada. Eram reuniões, manifestações na porta de hospitais públicos que recusavam pacientes HIV positivo, entrevistas, denúncias, passeatas exigindo verbas do governo...”.

Lucinha diz que sempre quis ter muitos filhos, e a convivência com as crianças da Sociedade Viva Cazuza, depois da morte do cantor, a trouxe de volta à vida, como se fosse um renascimento. “Pequenos, grandinhos, pretos, brancos, eram as minhas crianças! Piolho, sarnas, infecções, antirretrovirais, febre, dor de garganta, dor de ouvido. Achava que poderíamos superar tudo”. A casa chegou a ter 34 crianças, a maioria bebês, com um histórico bastante parecido – internações em hospitais públicos decorrentes de infecções provocadas pelo HIV.

Hoje, quando Lucinha olha para suas crianças, que brincam, estudam e cantam, faz uma remissão ao seu próprio passado. Aparentemente absorto das conversas que o pai, João Araújo, tinha com os artistas que frequentavam sua casa, Cazuza rabiscava mapas de cidades fictícias. Enquanto costurava, Lucinha ouvia rádio e cantarolava. Ela acha que essas experiências impregnaram Cazuza de musicalidade. “Tentamos criar os nossos filhos baseados em nossas experiências, mas também nas que não tivemos. Se não pude vislumbrar na infância do meu filho quem ele seria, que árvores, flores, folhas ou frutos darão essas sementes que estamos cultivando?”, questiona sobre as crianças que acolhe.

São muitas as histórias que Lucinha conta em seu livro. Como a de Marcelo, a primeira criança a morrer na casa por ter contraído meningite criptocócica; a de Lucas, cuja mãe era interna do hospital Pinel e roubou o filho depois de ter pulado o muro da Sociedade Viva Cazuza; a de Newton, a criança número um da casa, com quem Lucinha confessa ter maior afinidade. “Costumo dizer que é porque ele foi o primeiro, mas não é só isso. O gostar não tem muita explicação”, diz ela.

A chegada das drogas antirretrovirais deu mais qualidade – e quantidade – de vida aos doentes. Lucinha diz que se pergunta por que Cazuza “não pôde esperar”, já que ele se submeteu a diversos tratamentos médicos, incluindo o de Boston, na época considerado o mais eficaz de todos. Faz essa pergunta também porque, quando vê suas crianças e seus adolescentes cheios de vida, imagina como seria o destino deles se não tivessem sido contaminados por suas mães. “No limite, chego a pensar que a Aids foi uma sorte na vida de alguns deles. Não fosse a doença, estariam numa situação pior, muito pior”, escreve. E completa: “Sempre dormimos com essa dúvida: se conseguimos fazer mais do que tirá-los de um risco iminente de vida e se conseguimos dar condições para que encaminhem suas vidas com os próprios pés, por eles mesmos.”

O tempo não para – Viva Cazuza traz alguns depoimentos de pessoas que cruzaram e deixaram impressões na vida do cantor, como Ney Matogrosso, que aposta que Cazuza, hoje, “seria exatamente igual na essência: irreverente, debochado, com alto senso crítico”. Lucinha diz que sentiu certo receio de dividir o livro com os amigos do filho, até porque “relações amorosas e de amizade são muito diferentes”, mas ela resolveu dar voz a alguns que têm do que recordar. Como Sandra de Sá que chegou a admitir que “Cazuza não está morto, está vivo nessa instituição [a casa de apoio às crianças], é uma luz que ronda para mostrar o caminho”. Para além de Frejat, parceiro no Barão Vermelho, Ezequiel Neves – que, segundo Lucinha, foi o “instigador intelectual de Cazuza” –, Nilo Romero e George Israel, há um depoimento de Serginho, “única pessoa com quem Cazuza teve um relacionamento duradouro”. Na última vez que Serginho viu o namorado, já muito doente, ouviu a seguinte pergunta: “Vamos começar tudo outra vez?”. Serginho confessa que não sabia o que fazer e fugiu sem dizer sequer uma palavra. Mas resume em uma frase o que teria dito: “O que aconteceu, valeu”.

Título: O tempo não para – Viva Cazuza
Autor: Lucinha Araújo
Editora Globo
Preço: R$ 39,90

P.S.: Lucinha, João e Cazuza vocês continuam a fazer parte do meu show. (Diana Aragão)
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Notas:
1 - Aracy de Almeida é homenageada em exposição em Niterói:
Nós do CPC, junto com o Centro Cultural Abrigo de Bondes, seguimos na homenagem a Araca, através da exposição “Aracy de Almeida – 1914/1988: A Realidade do Samba”. A mostra, que também inicia as comemorações pelos 10 anos de existência do Centro Popular de Cultura Aracy de Almeida (na última sexta-feira, 11/06/2011) é composta por fotos da artista em diversos momentos de sua carreira, cedidas pelo Jornal Tribuna da Imprensa, além de capas de discos, revistas, livros, publicações com entrevistas e matérias sobre Aracy, e um painel com frases da cantora.
Serviço:

Exposição “Aracy de Almeida – 1914/1988: A realidade do samba” – Centro Cultural Abrigo de Bondes - Visitação: até 30 de junho – gratuita - Horário: de terça a sexta-feira, das 11h às 17h; sábados, das 12 às 16 horas
Local: Espaço Antônio Callado - Centro Cultural Abrigo de Bondes- Rua Marquês do Paraná, 100, Centro – Niterói – Tel. : 2620-8169
2 - I Seminário do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-cultural do Estado do Rio de Janeiro:
Na próxima quarta, 15/06, de 9 às 18h, no Auditório Gilberto Freyre do Palácio Gustavo Capanema (Rua da Imprensa, s/nº, “Prédio do MEC”), em pauta: Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares de Reeducação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Organização: CEAP, CEDINE, Estimativa, Organização Cultural Remanescentes de Tia Ciata, entre outras entidades - Apoio: Fundação Palmares – Ministério da Cultura. .............................................................................................................................................
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