segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Boletim CPC - Ano VI – nº. 93 – 29/08/2011

Nesta edição: Políticas e Estudos Culturais: Aula inaugural da COMCULTURA # Revista PragMATIZES * Editais: Lei do ICMS * Opinião: Leonardo Mesentier escreve sobre a greve dos servidores federais de cultura # Claudio Jorge escreve sobre a decisão do STF em relação a Ordem dos Músicos * Diana Aragão: Selma Reis comemora 25 anos de carreira e homenageia Florbela Spanca # Festival de Jazz na Lagoa homenageia Victor Assis Brasil * * Notas e agenda: Sindicato dos Músicos promove missa para a categoria celebrada pelo bispo arquidiocesano # Lima Barreto na Cadeira 31 da ABL # SINTCON especial homenageia Chico Santana no Bola Preta # Emilinha Borba tem exposição sobre a sua vida em Niterói
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Políticas e Estudos culturais:


1 - A Comissão Estadual dos Gestores de Cultura /COMCULTURA RJ convida para a aula inaugural da 10º Edição do Seminário Permanente de Políticas Públicas de Cultura do Estado do Rio de Janeiro:

Será nesta quarta-feira, 31 de agosto, às 13:30h – UERJ Maracanã (Auditório 13 – Pavilhão Central ). Mais informações e/ou esclarecimentos: comcultura.rj@gmail.com ou em www.comculturarj.blogspot.com.
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2: Revista PragMATIZES
O Laboratório de Ações Culturais (LABAC), o Curso de Graduação em Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense/UFF e a Maestría em Estudio Culturales da Universidad Nacional de Rosário estão lançando mais um importante veículo em nossa área de conhecimento, é a PragMATIZES - revista latino Americana de Estudos em Cultura, disponível no sítio www.pragmatizes.uff.br.
A publicação busca aprofundar as discussões teóricas necessárias a uma época em que tecnologia, cultura e arte se mesclam. Eles estão recebendo novos trabalhos, para ter acesso às normas de publicação, clique aqui (http://www.pragmatizes.uff.br/site/normas.html). Os trabalhos devem ser enviados para o e-mail pragmatizes@gmail.com.
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Editais:
A Secretaria de Estado da Cultura está com inscrições abertas até o dia 12/09, para a Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Lei do ICMS) o endereço para envio de projetos é www.cultura.rj.gov.br . A secretaria mantém um escritório de apoio aos proponentes que dá consultoria para elaboração e enquadramento, o contato com o mesmo pode ser feito pelo telefone 2333-4107.
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Opinião:

1: Política-pública da cultura em greve*
Por Leonardo Mesentier**


Os trabalhadores da cultura estão em greve. No comunicado de greve a sociedade termina coma a divisa: “não existe política pública sem servidor público” (ver postagem anterior). De fato, a existência de uma política-pública requer instituições públicas para implementá-la e a instituição pública se constitui: por um marco legal que define a abrangência social da sua atuação; por um corpo técnico; e por uma estrutura interna, também definida em lei, que define a relação efetiva do corpo técnico com o marco legal.

Considerando, portanto, que o corpo técnico é um dos elementos que constituem uma instituição pública e que as instituições públicas são elementos relevantes das políticas públicas, pode-se tomar as reivindicações dos trabalhadores da cultura em greve, como elemento para se refletir sobre a política pública de cultura no Brasil.

Os funcionários reivindicam, por um lado, o pagamento de gratificações atrasadas e cumprimento de acordos já firmados e, por outro lado, equiparações salariais, especificamente a relacionada à lei 12.277 e a referente a retribuição de titulação e qualificação.

A Lei 12.277 criou exclusivamente para 16 economistas, engenheiros e arquitetos do Ministério da Cultura salários diferenciados e muito superiores aos salários pagos ao conjunto dos demais economistas, engenheiros e arquitetos do Ministério da Cultura. Essa é uma questão com impacto especialmente forte no IPHAN, instituição com um importante trabalho realizado no campo da arquitetura, onde trabalharam arquitetos como Lucio Costa e Oscar Niemeyer, que tem a identidade do seu corpo técnico, fortemente vinculada a identidade profissional do arquiteto no Brasil.

No caso das retribuições de titulação e qualificação, a referência da reivindicação é a casa de Rui Barbosa, instituição que estando vinculada ao Ministério da Cultura, do ponto de vista da carreira e dos salários está vinculada à carreira de ciência e tecnologia, recebendo por isso melhores salários, tendo direito a progressão em carreira e a retribuição de titulação, que os demais servidores do Ministério da cultura não tem.

Evidentemente, que resulta um cenário de servidores públicos de 1ª e 2ª classe, arquitetos de 1ª e 2ª classe, mestres e doutores de 1ª e 2ª classe; conseqüentemente, serviços públicos de 1ª e 2ª classe; de serviços públicos que devem funcionar bem e outros que não importa; um cenário corrosivo da capacidade profissional dos corpos técnicos das instituições do Ministério da Cultura.
Para essa analise, não se trata de colocar em pauta o princípio jurídico da isonomia, mas sim a idéia presente na economia política segundo qual a legitimidade da relação salarial é condição para a adesão efetiva do trabalhador ao processo de trabalho. Esta perspectiva fica potencializada num contexto de uma instituição pública, especialmente ali onde as tarefas de trabalho estão, no mais das vezes, mediadas pela criatividade do trabalhador.

Assim, a sensação de acordos não cumpridos e a corrosão da legitimidade da relação salarial estarão necessariamente conduzindo um processo de comprometimento e debilitação dos corpos técnicos e, conseqüentemente, das instituições e da política pública de cultura no Brasil. Cabe perguntar se a sociedade brasileira está de acordo com isso?
*Publicado originalmente em http://leonardomesentier.blogspot.com
** Arquiteto do IPHAN. Professor da UFF. Doutor em Planejamento Urbano e Regional com diversos artigos publicados em livros e periódicos científicos sobre desenvolvimento urbano e patrimônio histórico-cultural.
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2: O STF e nós, os músicos profissionais*

Por Claudio Jorge**

Enquanto músico profissional há quarenta anos, eu não poderia deixar de dar o meu palpite sobre a decisão do Superior Tribunal Federal decretando não haver mais necessidade da filiação de músicos a nenhum órgão, para o direito do exercício da profissão.

Pode ser que eu esteja enganado, o que é bem provável, afinal, o Superior Tribunal Federal é a última instancia de qualquer dúvida. O martelo bateu, fechou a tampa, não mesmo?

Mas a dúvida ficou em mim instalada porque achei contraditório o “acórdão” do STF que diz, entre outras coisas que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Aí eu pergunto: Quais leis estabelecem qualificações profissionais para os músicos? São as leis estabelecidas com a criação da Ordem dos Músicos? Porque a sentença não acaba com a Ordem, apenas desobriga os músicos a se filiarem aquela instituição e a pagarem as anuidades devidas para poderem exercer sua profissão.

Há muito tempo, desde que me filiei a Ordem que sou um crítico dela. Acho um absurdo não haver eleições diretas para renovação de sua direção como acontece de forma democrática no Sindicado dos Músicos e em outras ordens, como a OAB por exemplo, mas daí a concordar com sua extinção é outra coisa.

Ninguém fala em desobrigar os advogados a pagarem a OAB. Porque? Ninguém fala em acabar com a OAB. Porque? Porque ela é uma entidade representativa da classe, com participação no cenários político e etc., e mesmo assim , ainda existem muitos advogados que são contra o pagamento dessa anuidade.

Acontece que no último século a classe trabalhadora se formou através deste formado de ordens, associações e sindicatos, mas este modelo não está interessando mais a este mundo globalizado onde a concorrência é quem dita as normas e onde todo mundo quer ser artista no Youtube, sem provas de competência profissional, sem filiações, sem fiscalização. Nesse moderno desejo coletivo, se aproveitam os contratantes, onde donos de empresas e produtores que não querem arcar com os custos de vínculos empregatícios, contratos e outras obrigações que a lei exige.

Então muita gente trabalha para a destruição deste modelo visando a acabar com Ordens e outras associações de classe, incluído aí o ECAD. Mas esse é um outro lado do assunto.

A classe musical tem particularidades próprias, e uma delas é ser muito heterogênea. Muitos músicos militares de carreira fazem parte dessa classe. O Sindicato que eu sou sócio é o mesmo do ex-ministro da cultura e muitos músicos hoje são patrões de outros, dependendo do trabalho que estejam executando.

Pra terminar, fico me lembrando do meu pai quando queria que eu me formasse em alguma outra profissão e tivesse a música como um prazer a mais, feito aquele samba do Paulinho da Viola. Mantive o meu sonho e vivi até aqui exclusivamente deste meu ofício. A geração de músicos anterior a minha, que fundou a Ordem e o Sindicato dos Músicos, e a minha geração, que lutou pela consolidação de várias conquistas, com certeza não deve ter gostado nadinha dessa decisão do Tribunal. Os mais jovens têm como foco não pagar anuidades para uma instituição que nada faz por eles, muito pelo contrário, uma instituição que joga contra, e nesse foco toda a profissão de músico entra agora num caminho de pulverização a partir desta decisão do Superior Tribunal Federal. Vamos ver no que isso vai dar.

*Publicado originalmente em http://blogdoclaudiojorge.blogspot.com
** Claudio Jorge, como se define em é um artista carioca, botafoguense, mestiço (um tanto negro, um tanto branco, um tanto índio, ideologicamente um afro-descendente), suburbano, que tenta cumprir sua missão na terra sobrevivendo com honestidade, prazer
e opinião.
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Diana Aragão:

1: Selma Reis em “O Cabaré de Florbela” no Bar do Tom
(Música, teatro e poesia na comemoração dos 25 anos de carreira)


Para comemorar os 25 anos de carreira, Selma Reis resolveu unir a música e o teatro em espetáculo dirigido por Flávio Marinho. "O Cabaré de Florbela", título do musical onde a poesia de Florbela Spanca é a convidada especial, será apresentado por Selma ao público do Bar do Tom, nos dias 02, 03, 09 e 10 de setembro, às 22 horas.

Com doze álbuns gravados e depois de lançar o CD “A minha homenagem ao Poeta da voz’’, uma homenagem ao compositor Paulo César Pinheiro, a artista também interpretará canções consagradas ao longo de sua carreira como: Ne me quitte pas’’, “Feliz’’ e ‘’Sangrando’’, entre outras.


2: Mostra Live de Cinema

A IV Mostra Live Cinema que acontece de 01 a 04 de setembro no Oi Futuro de Ipanema será aberta no dia 1° às 20h com projeção audiovisual interativa manipulada pelo público na fachada do prédio. As performances são Socket Screen de Rachel Marchetti e Rachel Rosalen, além de Representa Corisco 2011 do VJ Eletroiman. Mais informações em www.livecinema.com.br

3: Caravana SESI Cultural apresenta In Jazz Festival

Há exatamente 30 anos, o Brasil perdia um dos maiores nomes da música instrumental brasileira: o compositor e saxofonista Victor Assis Brasil. Para marcar a data, a Caravana SESI Cultural realiza, no próximo 17 de setembro, sábado, homenagem ao artista: o In Jazz Festival , iniciativa do irmão de Victor, o produtor musical Paulo Assis Brasil.
A festa, que tem o apoio do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, começa às 18 horas no Espaço Victor Assis Brasil (antigo Parque dos Patins) e contará com a participação da diva do jazz Leny Andrade, da Banda Sambop, do contrabaixista Paulo Russo e convidados e do grupo Idriss Boudrioua Base & Brass. Um encontro de grandes músicos como uma autêntica jam session em plena Lagoa. Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver Victor tocando e mesmo para os que o conheceram, o Festival mostrará num telão Victor no Festival de Montreux, realizado em São Paulo, em 1978. No repertório, sucessos do mestre, como “Waltzin”, “Pro Zeca” e “Arroio”, entre outras composições. A entrada é franca.
Veja as atrações do In Jazz Festival pela ordem de apresentação:
Banda Sambop - Hamleto Stamato (pianista, compositor, arranjador e produtor) e Paulinho Trompete se unem a outros três renomados músicos: Ney Conceição (contrabaixo), Widor Santiago (saxofone) e Erivelton Silva (bateria).
Paulo Russo Convida – Um dos maiores nomes do contrabaixo acústico e, também, compositor e arranjador recebe os craques Marcelo Martins (saxofone), Rafael Vernet (teclado) e Kiko Freitas (bateria).
Idriss Boudrioua Base & Brass – Instrumentista super requisitado no cenário musical brasileiro e há mais de 25 anos morando no Brasil, o francês Idriss Boudrioua (sax alto) dividirá o palco seu septeto de feras e promete um grande som a todos.
Leny Andrade - Reconhecida internacionalmente, fez shows memoráveis, cantou ao lado de artistas como Dick Farney, Wagner Tiso, Eumir Deodato, Francis Hime, Gilson Peranzetta e João Donato, e morou cinco anos no México, onde se tornou a intérprete mais popular na parada de sucessos daquele país. De volta ao Brasil, recebeu do público e da crítica o título de “Melhor Cantora de Jazz Brasileira” e foi considerada “Cantora Musicista”, por sua incrível habilidade de improvisação. O jazzman Paquito Rivera, encantado com sua arte, gravou o tema “For Leny”. Nas décadas de 80 e 90, dividiu-se entre o Brasil e os Estados Unidos. Apresentou-se no Blue Note e gravou vários discos de samba-jazz, como “Luz Néon”. Lançou CDs em parceria com instrumentistas de prestígio, como César Camargo Mariano, Cristóvão Bastos e Romero Lubambo, e ainda hoje é também uma referência na bossa-nova.
In Jazz Festival - Homenagem a Victor Assis Brasil
Data: 17 de setembro, sábado, às 18 horas, no Espaço Victor Assis Brasil (antigo Parque dos Patins) – Lagoa - Telefone para informações: 2511-5947.
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Notas e agenda:
1: Missa em ação de graças pelos músicos


O Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, celebrará uma Missa em Ação de Graças pelos Músicos do Rio de Janeiro na próxima quarta-feira, 31/08, às 19h, na Igreja de Santa Cecília, em Botafogo. A missa será aberta a toda comunidade e dedicada aos músicos. Na ocasião, estará presente a Orquestra de Cordas SindMusi e alguns nomes do meio musical serão homenageados pelo Sindicato dos Músicos/RJ. A Igreja de Santa Cecília fica na rua Álvaro Ramos, 385, Botafogo.

2: Plenária para organização da IV Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (formada promovida principalmente pelas religiões afro-brasileiras, espíritas, judaica, islâmica, budista e por cristãos progressistas) que organiza a já tradicional caminhada que reivindica a tolerância e a liberdade religiosa, convoca para a próxima quinta-feira, 01/09, às 18h no Auditório 93 da UERJ/Maracanã. Mais informações sobre a caminhada em www.eutenhofe.org.br .

3: Lima Barreto na Cadeira 31 #GenteDiferenciadaNaABL


Um grupo de militantes da área cultural, entre os quais nós do CPC, a Casa Lima Barreto estão promovendo um ato-cultural que simbolicamente irá “eleger” e “empossar” o autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma” na cadeira de nº 31 da Academia Brasileira de Letras/ABL. O ato, que acontecerá no dia 23/09, às 16h no busto de Lima, na rua do Lavradio (em frente ao CIEP), além de fazer justiça com Lima, ironiza o jornalista Merval Pereira, símbolo do mau jornalismo e da parcialidade e que neste dia será de fato empossado na cadeira.

Para organizar o ato, o grupo fará uma reunião dia 01/09, às 17h, no Armazém do Senado, rua Gomes Freire, 256, todos os interessados estão convidados a colaborar.

4: SINTCON homenageia Chico Santana no Bola Preta

Em setembro o projeto Consultoria Cultural do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Engenharia e Consultoria de Projetos/SINTCON em edição especial apresentará uma homenagem ao compositor Chico Santana um dos fundadores da Velha Guarda da Portela.

Francisco Felisberto Santana, ou Chico Santana é um compositor desconhecido do grande público. Apesar de ter dois grandes sucessos gravados por Beth Carvalho (Saco de feijão) e Zeca Pagodinho (Lenço), mas seu repertório é lembrado em rodas de samba promovidas por músicos que se dedicam ao gênero – notadamente o samba de terreiro.
O centenário de Chico vem sendo comemorado em diversas rodas de samba, nos estados de Minas Grais, São Paulo e Rio Grande do Sul numa mobilização de celebração dos esforços de encontrar todo o repertório do compositor.
A homenagem que se realizará no próximo dia 10/09, às 14h, no Cordão da Bola Preta ( rua da Relação, 03, esquina com rua do Lavradio, Lapa), com entrada franca, será a primeira feita no Rio de Janeiro. A condução ficará por conta do grupo Jequitibá do Samba, com a participação do sambista paulista Tuco Pellegrino e as presenças especiais de quatro integrantes da Velha Guarda da Portela (grupo do qual Chico foi um dos fundadores), Monarco, e as três pastoras Tia Surica, Áurea Maria e Neide Santana (filha do homenageado).

2: Emilinha Borba é homenageada em Niterói

Depois do sucesso com a nossa exposição sobre Aracy, o Espaço Antonio Callado /Centro Cultural Abrigo de Bondes faz uma homenagem a grande cantora do rádio, Emilinha Borba, que completaria 88 anos em agosto de 2011, com a exposição “Emilinha Borba a cantora das multidões”, com a curadoria de Teca Nicolau.

Nesta mostra, o público poderá conferir fotos, troféus, vestidos e capas de discos, além de assistir um DVD com histórias e depoimentos de amigos da cantora. O material para a exposição foi cedido pelo Fã Clube Nacional Emilinha Borba, representado pelo presidente Mário Marinho.
A visitação é gratuita e pode ser feita até 30 de setembro, de terça a sexta, das 11h às 17h; sábados, das 12 às 16h e o Espaço Antonio Callado – Centro Cultural Abrigo de Bondes, é anexo ao Supermercado Guanabara, na rua Marquês de Paraná, nº 100, Centro, Niterói, mais informações tel.: 2620-8169.
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Licença de Uso: O conteúdo deste boletim eletrônico e de nosso blog, produzido pelo CPC Aracy de Almeida, pode ser reproduzido, desde que citada a fonte.
Agradecimentos pelo apoio recebido da empresa LETERA

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Boletim CPC - Ano VI – nº. 92 – 15/08/2011

Nesta edição: Homenagens a Flavio Loureiro e Homero Ferreira* Estudos Culturais: IFRJ realiza Encontro Nacional de Produção Cultural # Inscrições para seminário de políticas públicas da COMCULTURA e UERJ vão até 20/08 * Editais: Estado do Rio irá investir R$41 milhões em projetos culturais em diversas áreas * FURNAS prorroga inscrições até 31/08 * Opinião: José Roberto Souza Aguiar escreve sobre o "Dia do Folclore"* Diana Aragão: Site Mario Lago 100 anos # Show em comemoração ao centenário de Pedro Caetano reúne Marcos Sacramento, Cristina Buarque e Mariana Baltar no Teatro Rival Petrobras * Notas e agenda: Candeia 76 anos # Mostra Artista de Rua # Pedro Malazartes é encenado no Parque das Ruínas # São Jorge em exposição no Museu do Folclore
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Nossas homenagens a dois companheiros que nos deixaram na semana passada:

1: Flávio Loureiro


No domingo, 07/08, a esquerda brasileira, especialmente a fluminense, perdeu um de seus mais bem humorados militantes: Flávio Loureiro, 53 anos, que era jornalista, foi fundador do Partido dos Trabalhadores/PT no Rio de Janeiro.
Trabalhou nos jornais dos sindicatos dos arquitetos, metalúrgicos, metroviários; criou e organizou o jornal da Federação das Associações de Moradores de Nova Iguaçu; foi editor do jornal Público do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal/SINTRASEF, e também, na Bloch Editora e no Jornal do Comércio. Atualmente era chefe de gabinete da deputada estadual Inês Pandeló (PT/RJ).
Como se definia em seu blog – Blog do Flavio Loureiro – era “pai de um lindo casal de filhos, avô, um apaixonado integrante da nação rubro negra e um observador atento do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira”. Seguramente, com a sua partida, a esquerda ficará menos festiva e aguerrida.

2: Homero Ferreira

E na segunda-feira, 08/08, faleceu aos 66 anos, Homero Honório Ferreira Filho, conhecido como Homerinho, produtor musical. Entre seus trabalhos mais importantes estão a produção da trilha do espetáculo O grande circo místico, com músicas de Edu Lobo e Chico Buarque, e de discos e shows de nomes como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Mônica Salmaso, e Renato Braz.
Homerinho foi velado e enterrado na cidade de São Lourenço/MG. Ele foi casado com a nossa companheira, a cantora Cristina Buarque, com quem teve cinco filhos: Zeca, Paulo Emílio, Antonio, Ana e Maria Holanda Ferreira.
Homero também foi o responsável pela concepção do Teatro Fecap, em São Paulo, do qual era diretor artístico, sempre dando suporte à música brasileira.
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Estudos culturais:

1 - Encontro Nacional de Produção Cultural – Formação e Caminhos da Profissão


O curso de Produção Cultural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/IFRJ e o Centro Acadêmico Mário Lago , realizam nos próximos dias 18 e 19 de agosto, encontro para discutir os rumos da profissão e o mercado de trabalho.

Será na Sala Funarte Sidney Miller (Palácio Gustavo Capanema, rua da Imprensa, 16 – Térreo ), inscrições e maiores informações no link:
http://encontronacionalpc.blogspot.com/

2 - A Comissão Estadual dos Gestores de Cultura /COMCULTURA RJ está com inscrições abertas para a 10º Edição do Seminário Permanente de Políticas Públicas de Cultura do Estado do Rio de Janeiro:

O seminário é realizado em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ e tem apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa/MinC - e da Secretaria de Estado de Cultura RJ e financiamento do Programa Cultura Viva da Secretaria Cidadania e Diversidade Cultural/MinC .

A aula inaugural será em 31 de agosto, 13:30h – UERJ Maracanã (Auditório 13 – Pavilhão Central ). Serão certificados (pela UERJ) os participantes que tiverem no mínimo 75% freqüência e apresentarem trabalho de conclusão de curso. As inscrições vão até o dia 20 de agosto.

Mais informações e/ou esclarecimentos: COMCULTURA RJ - Comissão Estadual dos Gestores de Cultura (21)9810-4978 (21)2725-6084 / e-mail: comcultura.rj@gmail.com www.comculturarj.blogspot.com, e/ou Departamento Cultural UERJ - Decult SR3 UERJ (Rua São Francisco Xavier, 524, Bloco F, Sala T-126 /CEP 20550-013 (21)2334-0114).
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Editais:

1: Estado do RJ:


A Secretaria de Estado de Cultura anunciou no último, 11 de agosto, seu maior e mais abrangente pacote de editais. São, ao todo, R$ 40.900.000,00, distribuídos em mais de 40 diferentes Chamadas Públicas. Este é o maior investimento direto em cultura realizado de uma só vez pelo Governo do Rio de Janeiro. O pacote representa um aumento de 440% em comparação a 2008, quando a Secretaria de Cultura começou sua política de editais.
Entre as novidades dos Editais de 2011 destacamos: a Bolsa de Criação Literária, na qual oito selecionados, fixando-se em diferentes cidades do estado, receberão R$ 30 mil, cada, para produzir um conto, um livro, uma novela, ou demais trabalhos literários sobre o lugar escolhido; a chamada pública para Criação Artística no Funk dá à juventude dos territórios populares a oportunidade de produzir videoclipes, CDs e projetos de memória, comunicação e circulação do gênero, e vai contemplar, com R$ 20 mil, cada projeto; no quesito Carnaval foram criados os módulos Clóvis/Bate Bolas, Eventos Carnavalescos e Pré-Carnavalescos. O primeiro celebra uma importante tradição do subúrbio. Os dois últimos são destinados a Bailes, Shows, Performances, Cortejos e Corsos (que não se caracterizem como desfiles) realizados em locais abertos e que tenham tradição no estado; apoio a projetos de restauro do patrimônio arquitetônico fluminense.
Além dessas novidades, mais uma vez serão realizadas chamadas públicas para propostas de música, nos estilos clássico e popular; festivais de teatro, música e audiovisual; mídias digitais; montagem de espetáculos; desenvolvimento de filmes de longa-metragem e de séries de TV; registros de tradição oral; modernização e preservação de museus e centros de memória; incentivo a novos autores; aquisição de acervo para bibliotecas comunitárias; e produção de estudos e documentos de inventariação e difusão do acervo cultural fluminense, entre outras linhas de ação cultural.
Mais informações em: http://www.cultura.rj.gov.br/editais/editais.php

2: Espaço Cultural Eletrobras Furnas prorroga até o dia 31/08 as inscrições de projetos culturais para o ano de 2012:

Furnas Centrais Elétricas S.A. comunica que receberá no período de 13 de julho a 31 de agosto de 2011 (data limite de postagem) projetos culturais destinados à ocupação dos ambientes do Espaço Cultural Eletrobras Furnas, localizado na cidade do Rio de Janeiro - RJ, no bairro de Botafogo, para formação de sua programação no ano de 2012.
A empresa disponibilizará um investimento de R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais) nos projetos, sem recursos da lei Rouanet (Lei nº. 8.313, de 23/12/1991), apresentados nas seguintes áreas artísticas:
- Artes Visuais (fotografia, escultura, pintura, gravura, desenho, instalação, videoinstalação, intervenção e novas tecnologias ou performances);
- Artes Cênicas;
- Música;
- Outras
Nas seguintes modalidades:
- Espetáculos;
- Exposições;
- Palestras;
- Encontros;
- leituras dramáticas;
- lançamento de livros.
Mais informações em: http://www.furnas.com.br/espaco_furnas_cultural2.asp
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Opinião:

Tudo é Cultura
José Roberto de Souza Aguiar *



Nos anos de 1970, enquanto aluno de uma escola pública nesta cidade, cursando o que hoje equivale ao Ensino fundamental, presenciei e participei de festas comemorativas ao DIA DO FOLCLORE, justamente no mês de agosto. Entre as atividades figuravam apresentações de danças típicas – frevo, quadrilhas como exemplos – e representações teatrais de personagens da mitologia brasileira: o curupira, o Saci-Pererê, o Caipora, etc. Eram festas divertidas, que contavam com a presença maciça de pessoas do bairro.

Palavra de origem inglesa, o termo folclore era usado pelos grupos imperialistas do século XIX, para minimizar as influências culturais das áreas de interesse comercial das grandes potências capitalistas, que agiram ferozmente sobre diversas áreas na África, na América Latina e na Ásia. Segundo o Dicionário Aurélio, define-se folclore “como o conjunto ou estudo das tradições, conhecimentos ou crenças de um povo, expressas em suas lendas, canções e costumes”. Nos anos de 1970, sob a égide de uma ditadura empresarial-militar, a idéia de diminuir a produção cultural no Brasil, promoveu uma baixa na divulgação dos movimentos populares e culturais do país, que em muitos casos contestavam as organizações políticas na época. A idéia de folclore ganhou ênfase, fato fortalecido pelo isolamento das ações culturais, contribuindo para a desvalorização da diversidade cultural. O Frevo, as quadrilhas juninas, a capoeira entre outras manifestações foram enquadradas como ações folclóricas.

Ao fim do processo ditatorial militar, na metade dos anos de 1980, a sociedade brasileira iniciou um processo de revisão de conceitos estruturais, em defesa de uma ordem mais democrática. As mudanças estariam direcionadas nas estruturas políticas e econômicas, e atingiriam em cheio as áreas de educação e cultura no país. No século XXI, na Era da Globalização que proporcionou a ampliação das redes de comunicação, fortalecendo as possibilidades de crescimento no campo de conhecimento e análise dos movimentos culturais difundidos no Brasil e pelo Mundo, constata-se, ainda, a idéia do minimalismo no que abrange a divulgação das diversidades culturais.
As grandes produções e espetáculos vinculados aos interesses comerciais dominam as redes de divulgação, dificultando o exercício e as práticas culturais mais simples. Estas práticas que resistem nas ações de grupos e instituições que defendem a popularização das ações culturais, fortificando a resposta dos povos em luta pela própria dignidade e existência, baseando-se na democratização das afirmações culturais. O termo CULTURA, que se define, segundo o mesmo dicionário como “o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidas coletivamente, e típicos de uma sociedade, como também o conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinados campos”. Trata-se de fundamentos concretos e abstratos que instruem a formação de ações comportamentais de uma sociedade, distinguindo-a de outros grupos sociais organizados.

Concluo na lógica que há muito caminho a percorrer rumo ao processo de democratização das ações culturais no Brasil. Construir e referendar a idéia que o Brasil se constitui num grande celeiro de manifestações culturais além daqueles divulgados pelos principais meios de comunicação pelo país é a meta. E, consequentemente, não mais ouvir que as manifestações culturais brasileiras ainda são enquadradas no termo de folclore nas escolas. Tudo é cultura.

* José Roberto de Souza Aguiar - Professor Rede Municipal (Rio) e Estadual – RJ e Secretário- Geral CPC Aracy de Almeida. Notas:
- HOLANDA, Aurélio Buarque de. MINIDICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA (2ª edição).Rio de Janeiro: editora Nova Fronteira, 1988, p.147.
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Diana Aragão:

1: Site em comemoração aos 100 anos de Mário Lago entra no ar


O projeto Mário Lago - Homem do Século XX dá mais um passo nas comemorações do centenário do artista. Já se encontra no ar o site www.mariolago.com.br, com informações sobre o homenageado e que reunirá de documentos históricos a notícias e informações atuais.

Os internautas encontrarão a história do artista – com biografia, cronologia, álbum de fotos e registros antigos (incluindo partituras, correspondências e trechos de filmes, radionovelas e telenovelas) - e informações de atualidade, como a programação do centenário, depoimentos recentes, vídeos das ações em curso e espaço para artigos e posts.

Toda segunda-feira, o visitante encontrará um novo documento a partir de textos inéditos. A estreia será com o livro autobiográfico Meus tempos de moleque, último do artista, com o qual ele pretendia romper com a fama de homem sisudo e mostrar o seu lado mais irônico. Do lançamento até o final de setembro, serão publicados os oito capítulos desse livro, que não chegou a ser concluído. Em cada capítulo, Mário narrou um episódio curioso da sua trajetória. No primeiro, Guizo à vista, a história flagra um momento de 1912, quando o artista engatinhava nos seus sete meses de vida.
Os visitantes também serão presenteados com a reprodução em PDF, possível de ser impressa, do primeiro livro de Mário Lago – O povo escreve a História nas paredes. Escrito em 1948, reúne poemas políticos que abordam temas como o direito à terra, a defesa dos trabalhadores, a luta em defesa do petróleo brasileiro, entre outros. Ele inclui ainda paródias do próprio Mário para algumas de suas músicas mais famosas, como Amélia.

O site abrirá uma lista de Amigos do Mário, voltada para a captação de patrocínio pessoal para o projeto. É uma iniciativa inédita em projetos de grande porte. Haverá três modalidades de participação (cotas de 300, 500 ou mil reais), com diferentes contrapartidas.
Acesse o site: www.mariolago.com.br Para o povo do twitter: mariolago100


2: Pedro Caetano 100 anos !

No ano em que se comemora o centenário de Pedro Caetano, os cantores Marcos Sacramento, Cristina Buarque e Mariana Baltar fazem dois shows em homenagem ao grande compositor nos dias 25/quinta e 26/sexta de agosto, às 19h30m. no Teatro Rival Petrobras. Ingressos a R$ 40,00 (inteira), R$30,00 (para os primeiros 200 compradores) e R$20,00 (estudante, idoso, professor da rede municipal e lista amiga)
Pedro Caetano 100 anos! reúne num mesmo palco esses três grandes cantores, nomes que se destacam no cenário cultural por sua íntima relação com a tradição musical do país, e reconhecem o samba como uma das mais expressivas manifestações da nossa cultura. Para acompanhá-los, os músicos do trio Terno Carioca, Luiz Flávio Alcofra, Pedro Aragão e Lena Verani, se integrarão aos consagrados Josimar Carneiro e Jayme Vignoli, ambos do Água de Moringa, contando ainda com os percussionistas Netinho Albuquerque e Magno, em arranjos primorosos. No repertório, clássicos do autor e outros menos conhecidos. Um espetáculo de MPB de primeiríssima qualidade.

Pedro Caetano nasceu em Bananal, SP, mas foi no RJ que viveu a maior parte de sua vida, onde seu talento para música floresceu e encontrou ambiente propício para se desenvolver. Foi frequentador assíduo do Café Nice, um dos bares onde germinava a boêmia carioca e se lançavam os fundamentos do que hoje chamamos de MPB, na chamada época de ouro do rádio, nos anos 30 e 40. Lá, conheceu autores que, como ele próprio, se tornariam grandes nomes da nossa música, muitos dos quais seriam seus parceiros em composições inspiradas, que percorrem os vários gêneros musicais.

Autor de clássicos como É com esse que eu vou, Onde estão os tamborins, Caprichos do Destino, Botões de Laranjeira, teve suas composições gravadas por cantores de sucesso, no passado, e mesmo hoje sua obra é bastante revisitada. A direção musical é de Marcos Sacramento .
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Notas e agenda:

1 – Homenagem a Candeia - 76 anos, quarta-feira, 17/08, de 17 às 20h


A atividade começa com depoimentos sobre a vida e obra do compositor portelense do radialista e produtor cultural Adelzon Alves, dos compositores e parceiros Noca da Portela e Waldir 59, do produtor musical Marcelo Fróes (do selo Discobertas) e com a mediação de Aglaise Silva e Souza.

Em seguida, exibição do filme “Partido Alto” (1974) de Leon Hirszman. Roda de partido alto e sambas de Candeia com Nina Wirtti (voz) e Rafael Mallmith (violão 7 cordas) e Selma Candeia e o grupo "Roda de Samba do Quilombo de Candeia" formado por Luiz Henrique (violão), Alan Rocha (cavaco e voz),
Márcia Moura (percussão e voz )
Percussão e voz - Silvia Drufieyer (percussão e voz), Peterson (surdo) e as pastoras Wilma Boss e Vânia Araújo.
e lançamento de três CDs do Candeia, reeditados pelo selo Discobertas.

O evento será na Loja Arlequim, no Paço Imperial, Praça XV – RJ.
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2 - Mostra Artista de Rua – SESC/RIO e Associação Cultural Boa Praça

Seguindo a sua programação, a mostra iniciada em julho e que fará até novembro (todos os domingos de manhã), circulação de espetáculos de artistas de rua em 12 comunidades do Rio apresentará no próximo dia 21 de agosto, no Terreirão, comunidade localizada depois do último posto da Praia do Recreio, na Praça da Aquafitness, recebe a Cia Sinequanon com o espetáculo: "Errar é Umano", com dois cientistas que estão a procura do homo perfectus e contam a história da humanidade, através de quadros cômicos e intervenções circenses. Confiram a programação completa no site: www.artistaderua.com

3 – As aventuras de Pedro Malazarte no Parque das Ruínas

Um dos mais tradicionais personagens das culturas populares portuguesa e brasileira Pedro Malasartes, Malazartes, ou das Malasartes é relido pela Cia. Será o Benidito (www.seraobenidito.com.br ). O personagem que segundo Câmara Cascudo " é figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, como exemplo de burlão invencível, astucioso , cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos.”, já foi encenado e pensado em diversas linguagens: cordéis, TV (com Renato Aragão), cinema (com Mazzaropi) e até mesmo em ópera, são conhecidas duas com personagem como protagonista: Malazarte de Oscar Lorenzo Fernández e Graça Aranha, e Pedro Malazarte, de Mozart Camargo Guarnieri e Mário de Andrade.
O Malazarte da Cia. Será o Benedito será apresentado nos próximos domingos, 21 e 28 e agosto, às 16h no Parque das Ruínas em Santa Teresa, a bilheteria é espontânea (ou seja passa-se o chapéu).

4 – As muitas faces de Jorge
Os diversos aspectos da devoção a São Jorge, mostrando quem é Jorge da Capadócia, o que a fé nesse santo guerreiro impulsiona, como se manifesta e é vivida, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, é o tema da exposição que reúne representações de artistas populares de diversas localidades do Brasil que integram os acervos do Museu de Folclore Edison Carneiro e da Biblioteca Amadeu Amaral, do CNFCP, e do acervo pessoal do pesquisador Ricardo Gomes Lima.
Durante a temporada o filme "Uma festa para Jorge", dirigido por Isabel Joffily e Rita Toledo, produzido para a série Doc. TV, em 2009, é exibido na mostra durante a sua temporada.
A exposição, inaugurada em abril está em suas últimas semanas, seguindo até 28 de agosto de 2011, na Galeria Mestre Vitalino - Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - (Museu do Folclore) : Rua do Catete, 179 (metrô Catete), Rio de Janeiro. De terça a sexta-feira, das 11 às 18h e nos sábados, domingos e feriados, das 15 às 18h

Informações: http://www.cnfcp.gov.br ou Setor de Difusão Cultural
(21) 2285-0441, ramais 204, 205 e 206

domingo, 7 de agosto de 2011

José Roberto Souza Aguiar escreve sobre o "Dia do Folclore"



Tudo é Cultura

José Roberto de Souza Aguiar *




Nos anos de 1970, enquanto aluno de uma escola pública nesta cidade, cursando o que hoje equivale ao Ensino fundamental, presenciei e participei de festas comemorativas ao DIA DO FOLCLORE, justamente no mês de agosto. Entre as atividades figuravam apresentações de danças típicas – frevo, quadrilhas como exemplos – e representações teatrais de personagens da mitologia brasileira: o curupira, o Saci-Pererê, o Caipora, etc. Eram festas divertidas, que contavam com a presença maciça de pessoas do bairro.

Palavra de origem inglesa, o termo folclore era usado pelos grupos imperialistas do século XIX, para minimizar as influências culturais das áreas de interesse comercial das grandes potências capitalistas, que agiram ferozmente sobre diversas áreas na África, na América Latina e na Ásia. Segundo o Dicionário Aurélio, define-se folclore “como o conjunto ou estudo das tradições, conhecimentos ou crenças de um povo, expressas em suas lendas, canções e costumes”. Nos anos de 1970, sob a égide de uma ditadura empresarial-militar, a idéia de diminuir a produção cultural no Brasil, promoveu uma baixa na divulgação dos movimentos populares e culturais do país, que em muitos casos contestavam as organizações políticas na época. A idéia de folclore ganhou ênfase, fato fortalecido pelo isolamento das ações culturais, contribuindo para a desvalorização da diversidade cultural. O Frevo, as quadrilhas juninas, a capoeira entre outras manifestações foram enquadradas como ações folclóricas.

Ao fim do processo ditatorial militar, na metade dos anos de 1980, a sociedade brasileira iniciou um processo de revisão de conceitos estruturais, em defesa de uma ordem mais democrática. As mudanças estariam direcionadas nas estruturas políticas e econômicas, e atingiriam em cheio as áreas de educação e cultura no país. No século XXI, na Era da Globalização que proporcionou a ampliação das redes de comunicação, fortalecendo as possibilidades de crescimento no campo de conhecimento e análise dos movimentos culturais difundidos no Brasil e pelo Mundo, constata-se, ainda, a idéia do minimalismo no que abrange a divulgação das diversidades culturais.
As grandes produções e espetáculos vinculados aos interesses comerciais dominam as redes de divulgação, dificultando o exercício e as práticas culturais mais simples. Estas práticas que resistem nas ações de grupos e instituições que defendem a popularização das ações culturais, fortificando a resposta dos povos em luta pela própria dignidade e existência, baseando-se na democratização das afirmações culturais. O termo CULTURA, que se define, segundo o mesmo dicionário como “o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidas coletivamente, e típicos de uma sociedade, como também o conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinados campos”. Trata-se de fundamentos concretos e abstratos que instruem a formação de ações comportamentais de uma sociedade, distinguindo-a de outros grupos sociais organizados.

Concluo na lógica que há muito caminho a percorrer rumo ao processo de democratização das ações culturais no Brasil. Construir e referendar a idéia que o Brasil se constitui num grande celeiro de manifestações culturais além daqueles divulgados pelos principais meios de comunicação pelo país é a meta. E, consequentemente, não mais ouvir que as manifestações culturais brasileiras ainda são enquadradas no termo de folclore nas escolas. Tudo é cultura.

* José Roberto de Souza Aguiar - Professor Rede Municipal (Rio) e Estadual – RJ e Secretário- Geral CPC Aracy de Almeida. Artigo publicado em 28/09/2009 no cpcaracydealmeida.blogspot.
Notas:
- HOLANDA, Aurélio Buarque de. MINIDICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA (2ª edição).Rio de Janeiro: editora Nova Fronteira, 1988, p.147.