segunda-feira, 23 de março de 2009

São Luís, capital cultural do Brasil 2009, por Roberta Martins

A preocupação em preservar e valorizar a identidade cultural, motivou que fosse instituído em 1985 na Europa o conceito das capitais culturais, com o objetivo de promover um maior conhecimento a respeito de cada cidade escolhida, valorizar seu patrimônio artístico e cultural e promover o respeito a diversidade cultural nacional e regional.
Essa iniciativa que surgiu na Grécia, em 1985 teve excelentes resultados com as capitais européias da cultura e tornou-se um exemplo a ser seguido, pois a iniciativa funciona como instrumento de promoção e difusão da cultura através da realização de eventos e da divulgação dessas cidades por todo o mundo.Essa tendência internacional se materializou no Brasil em 2004, com a criação da Organização Não-governamental Capital Brasileira da Cultura (CBC), fruto da Organização Capital Americana da Cultura (CAC), que vem a ser uma colaboradora oficial para a integração dos países membros da OEA.
Com isso, desde 2006, uma cidade do território brasileiro passa a ter o título de Capital Brasileira da Cultura.
A primeira delas foi Olinda, em 2006, a segunda a exercer seu mandato foi São João del-Rei, em 2007, a seguir a detentora do título foi Caxias do Sul, para o ano de 2008, São Luís se tornou a Capital Brasileira da Cultura 2009.
Estava na belíssima São Luis do Maranhão no dia em que esta foi alçada oficialmente ao posto, houve a entrega do título, foi celebrado o Termo de Parceria entre a ONG Capital Brasileira da Cultura e a Prefeitura, e entregue o Diploma de Capital Brasileira da Cultura 2009.
Era um belo dia do mês de março, e os principais matutinos da TV, assim como os jornais impressos, acordaram a cidade bradando com muito orgulho a importância do fato, além de convocar todos a participarem do evento comemorativo em seu teatro mais importante, o Teatro Arthur Azevedo.
O evento teve ares de grande acontecimento, como não poderia deixar de ser, e consistiu em um cortejo ‘maravilhoso’ de vários grupos populares onde se viram batuques, bois, cacuriás, tambores e crioulas desfilando pelas ruas, adentrando o formal teatro, e essa grande concentração culminou com uma apresentação do genial Turíbio Santos em seu interior.
Toda a belíssima festa demonstrou a riqueza e diversidade das manifestações artísticas daquela que detém um título de Patrimônio da Humanidade, por seu centro histórico com o lindíssimo paredão de azulejos portugueses e seu rico casario colonial.
Acredito que ser capital cultural deve ter trazido algum benefício para cada uma das localidades anteriormente eleitas, divulgar a cidade, atrair turistas, ampliar a discussão de que o cultural pode constituir-se em valor econômico, atrair investimentos na área, aumentar o amor de seus habitantes pela própria cidade, diminuir preconceitos aos artistas populares pela valorização de suas manifestações como artísticas e consequentemente o orgulho e auto-estima dos locais, e por aí vai.
No caso de São Luiz, espero que funcione desta forma, como uma vitrine de suas manifestações de uma cultura própria e de riqueza ímpar, fruto de uma herança cultural que é um ‘mix’ de influências históricas. de portugueses, franceses (lembremos que esse é o ano da França no Brasil), holandeses, negros, e tantos, que se traduz em uma diversidade sem par que vai dos grupos folclóricos portugueses ao reggae, passando pelo boi de tambor e o de orquestra, e tudo isso apimentado pela sensualidade presente em todas as suas danças, de reggae dos tambores de crioula e cacuriás.

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