quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Edição Especial em comemoração aos 60 anos de nascimento da cantora Cristina Buarque, uma amiga, referência e colaboradora do CPC.

Boletim CPC - Ano V – nº. 78 – 23/12/2010
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Cristina, filha de Maria Amélia Alvim (a Memélia, falecida em maio deste ano) e Sérgio Buarque de Holanda, nasceu em São Paulo, em 23/12/1950, é mãe de cinco filhos e atualmente reside em Paquetá, simpática ilha do centro do Rio de Janeiro.
Nesta edição: Discografia de Cristina * Flavio Aniceto e Roberta Martins escrevem sobre a homenageada

Cristina e os discos
Ter em casa a coleção completa de discos em vinil, cópias amigas e CD´s de Cristina, além de um privilégio é também uma boa peça para analisarmos a evolução (as vezes involução ) do mercado fonográfico e da história social da nossa música.
A primeira gravação dela foi em 1967, no LP coletivo em torno de Paulo Vanzolini, intitulado “Onze sambas e uma capoeira”, produção do lendário e fundamental Selo Marcus Pereira. Vanzolini, amigo da família declarou em uma entrevista que “Cristininha mamou em seu peito”, tamanha a relação entre os pais da cantora Sérgio e D. Memélia e o compositor de “Ronda” e “Volta por cima”, ainda vivo e na ativa como cientista e compositor.
A última gravação, não sabemos, pois a qualquer momento ela pode estar em um coro de algum CD ou show – atualmente retomou um antigo trabalho na banda de Paulinho da Viola, ou em participação especial em projetos de samba e boa música brazuca. Em breve estará em um CD coletivo de músicas inéditas de Wilson Batista.
Abaixo iremos elencar a sua discografia em três sessões: 1º os discos que lançou e estão fora de catálogo; 2º os lançados de 1995 para cá e que são encontrados nas “boas livrarias” do ramo e 3º uma seleção de algumas participações dela em projetos especiais:

1 - Fora de catálogo:

• 1974 - Cristina Buarque - RCA Victor – com as seguintes músicas: Quantas lágrimas – Manacéa, um grande sucesso nas rádios naquele ano, Ao amanhecer – Cartola, Tatuagem – Ruy Guerra e Chico Buarque, Nuvem que passou – Noel Rosa, Cara Limpa – Paulo Vanzolini, Isto eu não faço - Tom Jobim, Confesso – D. Ivone Lara, Nome Sagrado – Nelson Cavaquinho, José Ribeiro e José Alcides, Eu não sou de reclamar - Lupicínio Rodrigues, Comprimido – Paulinho da Viola, Cem por cento (Vinicius de Moraes) e Amor de Malandro (Ismael Silva e Francisco Alves).
• 1976 - Prata e Faca - RCA Victor – com as músicas: Sempre teu amor – Manacéa, Dei-te liberdade – Dona Ivone Lara, Chega de padecer – Mijinha, Amar é um prazer – Antonio Almeida e Zé da Zilda, Resignação – Arnô Provenzano e Geraldo Pereira, Carro de Boi – Manacéa, Abra seus olhos – Paulinho da Viola, Sorrir – Bide e Marçal, Sou em quem dou ordens (Heitor dos Prazeres), Não pode ser verdade – Alberto Lonato, Tua Beleza – Raul Marques e Waldemar Silva e Esta melodia – Bubú da Portela e Jamelão.
• 1978 – Arrebém – Continental – com as músicas: Golpe errado – Geraldo Pereira, David Nasser e Cristovão de Alencar, Vida – Elton Medeiros e Paulinho da Viola, Muito embora abandonado – Mijinha e Chico Santana, Saudades de amar – Francis Hime e Vinicius de Moraes, Você só... mente – Noel Rosa, Coração – Nelson Ângelo e Ronaldo Bastos, Flor da Lapa – César Brasil e Wilson Batista, Juro foi surpresa – Valzinho, Vai que depois eu vou – Geraldo Pereira, Ponto de Fuga – Maranhão.
• 1980 - Vejo Amanhecer – Ariola – contendo as músicas: Bastidores – Chico Buarque, Ironia – Paulinho da Viola, Triste Baía da Guanabara – Cacaso e Novelli, Sim ou não – Djavan, vá trabalhar – Cyro de Souza, Andorinha – Cacaso, Novelli, Cantar – Godofredo Guedes, Sinhá Rosinha – Célio Ferreira e Geraldo Pereira, Duro com duro – Ary Barroso – A madrasta – Cacaso e Novelli, Vejo amanhecer – Noel Rosa e Francisco Alves e Canção da América – Milton Nascimento e Fernando Brant.
• 1981 – Cristina – Ariola – com as músicas: O meu guri – Chico Buarque, Vida de Rainha – Alvaiade e Monarco, Marido da orgia – Cyro de Souza, Perversa – Aldir Blanc e João Bosco, Pela décima vez – Noel Rosa, Cem por cento – Vinicius de Moraes, Quando a polícia chegar – João da Baiana, Quando quiseres – Manacéa, Outra você não me faz – Dona Ivone Lara, Flor do lodo – Ary Mesquita, Foi uma pedra que rolou – Pedro Caetano e Canção das infelizes – Donga e Luiz Peixoto.
• 1985 - Cristina e Mauro Duarte – Coomusa – com as músicas: Sorri de mim – Walter Alfaiate e Mauro Duarte, Vazio – Elton Medeiros e Mauro Duarte, Timidez – Noca da Portela e Mauro Duarte, Monograma – Cristóvão Bastos e Paulo Cesar Pinheiro, Pra que, afinal? – Adélcio de Carvalho e Mauro Duarte, Lá se foi – Carlinhos Vergueiro e Mauro Duarte, Lama – Mauro Duarte, Quantas lágrimas – Manacéa, Nunca mais – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Reserva de domínio – Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, Papagaio falador – Bucy Moreira e Geraldo Gomes, Aventura – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Uma canção desnaturada – Chico Buarque, Sacrifício – Maurício Tapajós e Mauro Duarte, A alegria continua – Noca da Portela e Mauro Duarte e Portela na avenida – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.
• 1994 – Resgate – Saci – contendo as musicas: Amor proibido – Manacéa, Eu perdi você – Aniceto da Portela, Adeus, eu vou partir – Mijinha e Chico Santana, O mau lavrador – Mijinha e Chico Santana, Pedem socorro – Cartola, Samba da ilusão – Paulo César Pinheiro, Carioca da Gema – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Ficará comigo – Nelson Sargento, Quebrei a jura – Milton de Oliveira e Haroldo Lobo – Nunca Mais – Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara, Não há mais amor – Aniceto da Portela, Coração Marinheiro – Márcio Proença e Paulo César Pinheiro, Volta para a minha companhia – Mauro Duarte, Violão Amigo – Walter Alfaiate e Mauro Duarte, Eu pensei – Adélcio de Carvalho e Mauro Duarte e Eu vou embora – Mauro Duarte.

2 – CDs que são encontrados na Internet e nas melhores “livrarias” do ramo:

• 1995 - Sem Tostão...A Crise Não é Boato – Canções de Noel Rosa – com Henrique Cazes – Milan – com as músicas: Três apitos – Noel Rosa, Mulato Bamba – Noel Rosa, Saí da tua alcova – Noel Rosa, Para me livrar do mal – Ismael Silva e Noel Rosa, O X do problema – Noel Rosa, Triste cuíca – Hervé Cordovil e Noel Rosa, Quando o samba acabou – Noel Rosa, Você por exemplo – Noel Rosa, Tudo que você diz – Noel Rosa, Cordiais saudações – Noel Rosa, Quem dá mais – Noel Rosa, Faz três semanas (Paródia da suçuarana) – Heckel Tavares, Luiz Peixoto e Noel Rosa, Sem tostão – Arthur Costa e Noel Rosa, Pela décima vez – Noel Rosa e Cem mil réis – Vadico e Noel Rosa.
• 2000 - Ganha-se Pouco mas é Divertido – Canções de Wilson Batista – Jam Music – com as músicas: Sambei 24 horas – Haroldo Lobo e Wilson Batista, Ganha-se pouco, mas é divertido – Ciro de Souza e Wilson Batista, Eu não sou daqui (Eu sou de Niterói) – Ataulfo Alves e Wilson Batista, Fui eu – “Marina” Batista e Dunga, Boca de siri – Germano Augusto e Wilson Batista, ...E o 56 não veio – Haroldo Lobo e Wilson Batista, Lá vem o Ipanema - "Marina" Batista, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr., Inimigo do batente – Germano Augusto e Wilson Batista, Gênio mau – Rubens Soares e Wilson Batista, Deixa de ser convencida – Wilson Batista e Noel Rosa, pot-pourri: Lá vem Mangueira - Wilson Batista, Haroldo Lobo e Jorge de Castro, Cabo Laurindo - Wilson Batista e Haroldo Lobo, Comício em Mangueira - Wilson Batista e Germano Augusto, Diagnóstico – Germano Augusto e Wilson Batista, Tenho que fugir – Haroldo Lobo e Wilson Batista, Não era assim - Haroldo Lobo e Wilson Batista, pot-pourri: Louco (Ela é seu mundo( - Wilson Batista e Henrique de Almeida, Emília - Wilson Batista e Haroldo Lobo, Oh! Seu Oscar - Wilson Batista e Ataulfo Alves, O bonde de São Januário - Wilson Batista e Ataulfo Alves e Mundo de zinco - Wilson Batista e Nássara.
• 2001 - Sem Tostão...A Crise Continua – Canções de Noel Rosa – com Henrique Cazes – Kuarup Discos – com as músicas: Não tem tradução – Noel Rosa, Tarzan, o filho do alfaiate – Vadico e Noel Rosa, Minha Viola – Noel Rosa, Seu Zé – Noel Rosa, Mas como outra vez – Noel Rosa, Seja breve – Noel Rosa, Nunca jamais – Noel Rosa, Malandro medroso – Noel Rosa, Julieta - Noel Rosa e Erastóstenes Frazão, Polêmica com Wilson Batista 1ª parte: Lenço no pescoço - Wilson Batista, Rapaz folgado - Noel Rosa, Mocinho da Vila - Wilson Batista, Polêmica com Wilson Batista 2ª parte: Feitiço da Vila - Noel Rosa, Conversa fiada - Wilson Batista, Palpite infeliz - Noel Rosa, Polêmica com Wilson Batista, epílogo: Frankenstein da Vila - Wilson Batista, Terra de cego - Wilson Batista, Deixa de ser convencida - Wilson Batista e Noel Rosa, De qualquer maneira – Ary Barroso e Noel Rosa, Meu barracão - Noel Rosa, Feitio de oração - Noel Rosa e Vadico, Quantos beijos – Noel Rosa e Vadico, Você vai se quiser - Noel Rosa, Pra esquecer – Noel Rosa, Você vai se quiser - Noel Rosa, Pra esquecer – Noel Rosa, Com que roupa – Noel Rosa, O orvalho vem caindo – Kid Pepe e Noel Rosa, Até amanhã – Noel Rosa.
• 2007 - Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo – Independente/Tratore – com as músicas: Bloco 1: O meu nome já caiu no esquecimento - Paulo da Portela, Eu não sou do morro - Francisco Santana, Não deixo saudade - Manoel Ferreira e Roberto Martins, Você me abandonou - Alberto Lonato, Quantas lágrimas – Manacéa - Bloco 2: Já chegou quem faltava - Nilson Gonçalves, O mundo é assim – Alvaiade, Jura - Adolfo Macedo, Marcelino Ramos e Zé da Zilda, Meu primeiro amor - Bide e Marçal, A lei do morro - Antônio dos Santos e Silas de Oliveira, Quem se muda pra Mangueira - Zé da Zilda, Assim não é legal - Noel Rosa de Oliveira, Na água do rio - Manoel Ferreira e Silas de Oliveira, Esta melodia - Bubú da Portela e Jamelão, Ando penando - Alcides Dias Lopes, Perdão, meu bem – Cartola, Desperta Dodô - Heitor dos Prazeres - Herivelto Martins, Na água do rio - Manoel Ferreira e Silas de Oliveira, Vou navegar - Ernani Alvarenga- Bloco 3: Inspiração – Candeia, Banco de réu - Alvaiade e Djalma Mafra, Você chorou - Francisco Alves e Sylvio Fernandes, Lenços brancos - Picolino da Portela, Sentimento – Mijinha, Conselho da mamãe – Manacéa, Brocoió - Zé Cachacinha, Quando a maré - Antônio Caetano, Confraternização 1 - Walter Rosa, Bloco 4: Portela feliz - Zé Kéti, Desengano - Aniceto da Portela, A maldade não tem fim - Armando Santos, Embrulho que eu carrego - Alvaiade e Djalma Mafra, Vida de fidalga - Alvaiade e Francisco Santana, Fui condenado - Mijinha e Monarco, Teste ao samba - Paulo da Portela, Tu me desprezas - Paulo da Portela e Cantar pra não chorar - Heitor dos Prazeres e Paulo da Portela.
• 2008 - O Samba Informal de Mauro Duarte – Samba de Fato & Cristina Buarque - Deck Discos – CD duplo - com as músicas: disco 01: Lenha na fogueira – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Sublime primavera – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Carnaval – Mauro Duarte e Adélcio de Carvalho, Acerto de Contas – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Mineiro pau - – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Eu não quero saber – Mauro Duarte, Desde que me abandonou (vinheta) – Mauro Duarte, Falou Demais – Mauro Duarte, Paulo César Pinheiro e João Nogueira, Samba de botequim – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Compaixão – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Sofro tanto – Mauro Duarte, Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, A mulher do Pedro – Mauro Duarte e Elton Medeiros, Á água rolou – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Engano – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Não sei – Mauro Duarte e Noca da Portela. Disco 02: O samba que eu lhe fiz – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Dúvida – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Jeito do cachimbo – Mauro Duarte, Mais sem consideração – Mauro Duarte, Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, Malandro não tem medo – Mauro Duarte e Elton Medeiros, Começo errado – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Lamento negro – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Sonho de criança (estado de coisas) – Mauro Duarte e Noca da Portela, Reza, meu bem – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Sonho e realidade – Mauro Duarte e Edil Pacheco, À procura da felicidade – Mauro Duarte, Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, Samba do eleitor – Mauro Duarte e Adélcio de Carvalho, Morro – Mauro Duarte e D. Ivone Lara, Não sou de implorar – Mauro Duarte, Tempo de amigo – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Caprichosos de Pilares – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.
• 2009 – Banda Glória convida Cristina Buarque – Scubidu Records – com as músicas: Meu romance – J. Cascata, Disse me disse – Pedro Caetano e Claudionor Cruz, Não deixo saudade – Roberto Martins e Manoel Ferreira, Bemóis (Inspiração) – Candeia, Um casal que chora – Cartola, Conversa fiada – Geraldo Pereira e Ciro de Souza, Ai de mim – Bide, Salve o Américo – Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho, Não me olhes assim – Mário Lago e Erasmo Silva,Sim, sou eu – Ataulfo Alves, O morro está de luto – Lupicínio Rodrigues, Chinelo velho- Wilson Batista e Marino Pinto, Parabéns para você – Wilson Batista e Roberto Martins e A água rolou – Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.
• 2010 – Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia – Independente /Tratore – com as músicas: Samba da antiga – Candeia, Canção da liberdade – Candeia, Nova escola – Candeia, Dia de graça – Candeia, Falsa inspiração – Candeia, Vem prá Portela – Candeia e Coringa, O ideal é competir – Candeia e Casquinha, Portela é uma família reunida – Candeia e Monarco, Brasil panteão de glórias – Candeia, Bubú, Casquinha e Waldir 59, Riquezas do Brasil – Candeia e Waldir 59, Saudade – Candeia e Arthur Poerner, Peso dos anos – Candeia e Walter Rosa, Os lírios – Candeia, Samba na tendinha– Candeia, Que me dão pra beber – Candeia, Meu dinheiro não dá – Candeia e Catoni, Vida apertada – Candeia e Casquinha, Não vem assim (assim não dá) – Candeia, Miragens do deserto – Candeia, Ilusão perdida – Candeia e Casquinha, Já sou feliz – Candeia, Não é bem assim – Candeia, Magna beleza – Candeia e Waldir 59, Amor oculto – Candeia e Picolino, Não se vive só de orgia – Candeia, Deixa de zanga – Candeia, Prece ao sol – Candeia, A hora e a vez do samba – Candeia e Brinde ao cansaço – Candeia.

3: Seleção de participações em produções diversas, a critério nosso:

Disponíveis para compra em lojas, livrarias, internet, sebos ou garimpo:

• (2003) Um ser de luz - saudação à Clara Nunes • Deckdisc • CD
• (2002) Acertos de contas de Paulo Vanzolini • Biscoito Fino • CD
• (1998) Chico Buarque de Mangueira • BMG • CD
• (1985) Nelson Cavaquinho - As flores em vida • Estúdio Eldorado • LP, lançado em CD, é possível garimpando encontrá-lo em CD em algumas casas do Rio de Janeiro e São Paulo.
• (1981) Geraldo Pereira - evocação V • Estúdio Eldorado • LP , lançado em CD, é possível garimpando encontrá-lo em CD em algumas casas do Rio de Janeiro e São Paulo.
• (1979) Clementina e convidados • EMI-Odeon • LP , lançado em CD é possível garimpando encontrá-lo em CD em algumas casas do Rio de Janeiro e São Paulo.
• (1979) Ópera do malandro • Philips • LP
• (1968) Chico Buarque de Holanda volume 3 • RGE • LP lançado em CD.
• (1967) Paulo Vanzolini - onze sambas e uma capoeira • Selo Marcus Pereira • LP lançado em CD é possível garimpando encontrá-lo em CD em algumas casas do Rio de Janeiro e São Paulo.

Fora de catálogo:

• (1995) Estácio & Flamengo - 100 anos de samba e amor • Saci • CD
• (1990) Bloco Carnavalesco Simpatia é Quase Amor - 5 anos de samba em Ipanema • Fama • LP
• (1989) Homenagem a Paulo da Portela • Idéia Livre • LP
• (1988) Candeia • Funarte • LP

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Opinião:

1: Cristina
Flavio Aniceto

Posso estar errado, mas ela é deste tempo e ao mesmo tempo é de outro. Não por acaso, pirulitou-se de mala e cuia para Paquetá, doce ilha da Baía da Guanabara, que resiste em meio ao lodo, ao “progresso” e a miséria social e cultural da região metropolitana do Rio. De lá, no Zarur/Leleta/Paulão, um simpático bar vizinho a sua casa fez seu bunker, e não está só, não só pelo fato de uma de suas filhas residir lá com ela, mas pelos amigos que já tinha na ilha e outros que fez.

Paquetá e Cristina se merecem.
Lá, bem perto do Rio, uma hora e pouquinho de barca se ouve mais os seus interlocutores, fala-se e respira-se mais pausadamente e isso tudo sem sair da cidade do Rio de Janeiro. Cristina é deste lugar, neste tempo, mas também é de outros.

Provavelmente fruto dos sambas e canções que ouvia em casa, pela sua mãe, ou os discos da família, e os muitos amigos que freqüentavam a casa em São Paulo, cito só dois que já resumem a ópera, ou o samba: Vinícius de Moraes e Paulo Vanzolini.

Em torno da obra deste último, foi a sua primeira gravação em LP, depois em um disco de seu irmão, Chico até o sucesso com “Quantas lágrimas”. Daí veio outro tempo, já jovem-adulta relatado na crônica abaixo, de Roberta Martins, sobre a sua ligação com a Portela.

Cristina é de um tempo em que ouvia-se Aracy, Noel, Wilson, Ciro, Ataulfo, e é deste tempo pois ainda hoje, ouve-se estes e outros monstros da MPB: na Lapa, nos cafés e casas em Sampa, em lançamentos diversos, alguns com participação de Cristina, outros com uma “consultoria informal”, pois ela sempre teve muitas coisas guardadas em fitas e rolos e que aos poucos foi socializando.

Sim, e ela é do tempo em que usava-se socializar. Três exemplos disto:

Cantora de fino trato, estilista, correta em suas gravações, poderia seguir este caminho sem susto, mas prefere as participações, grupos e os coros. Mas é por socialização. A sua forte ligação com as primeiras formações da Velha Guarda da Portela, vem também deste ambiente: ali seria mais uma pastora, só não era – de nascença – negra e suburbana como Surica, Doca e Eunice. Ou hoje, quando vemos a sua recente ligação com o grupo de jovens do Terreiro Grande, em SP.
Hoje parece incrível que uma artista de prestígio entre os seus pares, coloque-se lá atrás no coro. Poderia se pensar que era mais certo ela ser convidada dos shows de Paulinho da Viola, e não parte da banda deste. Mas é coerente, sendo Cristina. Os grandes do passado também participavam um dos projetos dos outros. Mesmo que se matassem nos bares e cafés, mas tinham este traço coletivista.

É também socializante a sua participação em inúmeros discos e shows, seja em benefício de um artista do samba doente ou em projetos mais permanentes como a Sociedade dos Artistas e Compositores Independentes, a SACI, liderada por Mauricio Tapajós.

E politicamente, também é socialista em sua adesão ao velho Partido dos Trabalhadores, desde o início, mesmo não sendo filiada formal, mas foi na família – entre seus irmãos, uma vez que os pais são fundadores do mesmo – quem sempre teve esta opção. E continua tendo, o que é mais fascinante, dadas as mudanças que todos nós e o PT passaram.

Mesmo a conhecendo pessoalmente só em 1996, acho que teria várias coisas para falar, entre as que vi daquele ano até hoje, além das muitas que li, ouvi, soube de terceiros, etc. Lembro dela nas saídas do Barbas, das rodas inocentes no Bip Bip, nos shows no finalzinho do Leme, nas primeiras casas da “revitalização” da Lapa, mas talvez algo que junte tudo isso é quando lembro dela, em vários shows entoando os primeiros versos da quilométrica e antológica “O Samba bate outra vez” :

“Odete, Aracy, Dona Yvone, Silvia Telles, Claudete, Simone, Clara, Beth, Elizete, Alcione, Dolores Duran, Clementina, Carmem Costa, Miúcha e Cristina, o samba bate!...”

Que era um sinal de que vinha coisa boa pela frente. E virá, ainda!

Queremos Cristina mais 60 anos! (Ela poderia até adotar, na época futura, o sobrenome Niemeyer, pois com 120 anos ficaria mais adequado, Cristina Oscarina Niemeyer. Ela é uma referência em sua área, como o longevo arquiteto e “comuna” também é ) .

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2: Cristina no quintal

Roberta Martins

Chego no samba e vejo a Cristina. Discreta no quintal de uma casa do subúrbio de Osvaldo Cruz, ela está lá, como se fosse móveis e utensílios do lugar. Acho que ouvi alguém dizer.
- Aquela? É a Cristina Buarque, amiga de muito tempo!

Copo americano de cerveja na mão, usando camiseta, bolsa pendurada no ombro e jeito de quem chega sempre devagar. Está lá, naquele quintal de subúrbio como se fosse o dela. Chora o cavaco, acordes de uma música se inicia. Palmas, vozes de pastoras...ao fundo, uma voz miúda e afinada desfia o repertório com intimidade. É a Cristina, que canta os sambas portelenses!

A intimidade com que circula nesse espaço é a de quem convive com aquelas pessoas a muito tempo, de quem conhece e canta essas canções de longa data. Não é de agora a sua ligação com aqueles compositores, cantores, músicos e pastoras, são de outros tempos suas visitas aos quintais. Vem de longe as conversas, o convívio com os grandes sambistas, as batucadas e a rodas e daí a camaradagem com esses sambistas, de quem vivencia desde os primeiros tempos as atividades da Velha Guarda nos quintais de Osvaldo Cruz.

Firmando mais os olhos é possível perceber que a presença de Cristina naquele quintal, naquela roda de samba, reflete uma história de respeito ao samba. É daquele tipo de intimidade de quem presta atenção, de quem conhece e reconhece a personalidade própria e a identidade daquela produção musical, de quem respeitosa, pesquisou e encontrou muitas pérolas compostas por lá, de quem não se vê maior que aquilo que vê e vive, mas de quem faz parte daquela história.

Desde o século passado vem essa história, Cristina tem seu espaço no quintal, na roda e no coração ... ela conquistou. Agora, lá se vão décadas, sambas, cervas... Mais uma vez ouço alguém responder. - Cristina Buarque? Vem aqui há muito tempo!
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